Cada ano que vai, traz o desejo de um novo ano, novas metas e novos desafios. Traz também o desejo grande de desenhar um novo ano, uma nova sala, uma nova paleta de cores e emoções.
“A organização do espaço da sala é expressão das intenções do/a educador/a e da dinâmica do grupo, sendo indispensável que este/a se interrogue sobre a sua função, finalidades e utilização, de modo a planear e fundamentar as razões dessa organização.” (DGE, 2016)
Nesta fase projeto as minha ideias numa tela mental, pego no meu notebook e faço um brainstorming e uns rabiscos. Sabe tão bem… a mente voa a uma velocidade que me faz viver tudo como se já fosse real.
Penso nas carateristicas do grupo (o mesmo do ano anterior), características e principalmente nas suas necessidades. Projeto o que poderei explorar e desenvolver nas mais diversas áreas, tendo em conta desenvolvimento global de cada criança. Defino o tema central do projeto de sala e os temas a desenvolver ao longo do ano. E por último, mas não menos importante crio o cenário propício para esta grande aventura.
Este ano, numa sala de quatro anos, resolvi arriscar e partir “à descoberta da ciência”. E assim começei a pesquisar sobre o tema.
As ciências estão presentes nas orientações curriculares para a educação pré- escolar na área de conhecimento do mundo. Nesta área é dada muita importância à curiosidade das crianças e às suas questões sobre o mundo que as rodeia, podendo ser trabalhada “… através de oportunidades de contactar com novas situações que são simultaneamente ocasiões de descoberta e exploração do mundo.
Acresce que trabalhar as ciências na sala de atividades desenvolve diversas áreas de conteúdo, visto que “promove a leitura aquando da pesquisa, estimula o desenho e a escrita aquando da realização de registos e desenvolve o pensamento lógico-matemático quando se estabelecem relações de causa-efeito, condicionais e outras, e se efectuam classificações, seriações, medições e cálculos” (Mata et al., 2004, p.173).
Nas minhas pesquisas encontrei ainda uma a brochura ” Despertar para a ciência”, publicada pelo Ministério da Educação e que em muito me irá orientar neste caminho.
Um outro aspeto importante e a correlacionar na organização da informação é que “Num ambiente de aprendizagem pela ação, as crianças têm a possibilidade de manipular objetos, tomar decisões, fazer escolhas e elaborar planos, bem como de falar e refletir sobre o que estão a fazer, aceitando o apoio de colegas e de adultos, conforme necessário. As crianças que passam por esta experiência de aprendizagem ativa desenvolvem capacidades de pensamento e de raciocínio e uma compreensão de si e das suas relações com os outros” (Hohmann & Weikart, 2011).
Com ideias bem posicionadas, passei à construção da ideia e ao planeamento de todo a ação. Fiz um cróqui das áreas da sala, pensei, despensei, desenhei, idealizei, pintei, apaguei, recortei, rasguei, pinguei, limpei, colei… com a ajuda da equipa, também bastante empolgada e empenhada em chegarmos ao produto final. Foram dias intensos, envoltos de alguma ansiedade, agitação e grande motivação.
Chegou o dia em que tudo parecia se relacionar, o espaço estava finalmente pronto para receber os “pequenos grandes cientistas”, ávidos de conhecer coisas novas, satisfazer curiosidades, explorar e descobrir o que é afinal esta coisa de estar numa sala de mais crescidos.
“As crianças são “cientistas activos‟ que procuram, constantemente, satisfazer a sua insaciável curiosidade sobre o mundo que as rodeia” (Reis, 2008: 16).
Conceição Pereira Amor d`3ducação
Bibliografia consultada:
DEB, (2017). Orientações curriculares para a educação pré-escolar. Lisboa: Ministério da Educação.
Hohmann, M. & Weikart, D. (2011). Educar a Criança. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian
Mata, P, et al (2004) Cientistas de Palmo e Meio. Uma Brincadeira muito séria. In Análise Psicológica. 169-174.
Reis, P. R. (2008). Investigar e Descobrir – Actividades para a Educação em Ciências nas Primeiras Idades. Chamusca: Edições Cosmos.